CORRUPÇÃO

Blindagem de luxo: Justiça manda Claudinho Serra de volta à prisão por esconder patrimônio suspeito

Ex-vereador de Campo Grande e ex-secretário de Sidrolândia é acusado de montar “engenharia financeira” para escapar de bloqueios judiciais, usando familiares, empresas de fachada e até pagamento em dinheiro vivo

A cada nova fase da Operação Tromper, mais camadas do esquema financeiro envolvendo o ex-vereador de Campo Grande e ex-secretário de finanças de Sidrolândia, Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho, o Claudinho Serra, vão sendo expostas. Desta vez, a nova prisão preventiva, decretada em 5 de junho, escancara o que o juiz Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia, classificou como “sofisticada engenharia de blindagem patrimonial”.

Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), Claudinho teria promovido uma verdadeira manobra para esvaziar seu patrimônio e frustrar qualquer tentativa de ressarcimento aos cofres públicos, fruto de fraudes em licitações no município de Sidrolândia. As investigações apontam que ele usou desde laranjas a transferências em espécie e movimentações bancárias por terceiros, tudo com o objetivo de driblar o sistema de bloqueio judicial.

A movimentação financeira chama atenção. Na época do bloqueio judicial, em maio de 2024, as contas de Claudinho somavam míseros R$ 410,62 — saldo incompatível com o estilo de vida luxuoso mantido por ele. Morando em um apartamento de alto padrão no Jardim dos Estados, com aluguel de R$ 10 mil, e circulando em uma Toyota SW4 em nome de uma empresa, o ex-secretário ostentava sinais de riqueza enquanto as contas bancárias apresentavam saldo quase irrisório.

O rombo patrimonial não para por aí. A investigação mostra uma evolução meteórica de seu patrimônio: de R$ 223 mil em 2020 para R$ 750 mil em 2022, além de um suposto “empréstimo” de R$ 1 milhão sem qualquer contrato formal com banco ou financeira, o que levanta a suspeita de operação fictícia. Há ainda registros de gastos de luxo: R$ 7,8 mil em buffet de festa infantil (quase todo pago em dinheiro vivo), Pix de R$ 5 mil em loja de artigos de couro e mais de R$ 42 mil em terrenos comprados com dinheiro de origem não declarada.

A “engenharia financeira” montada por Claudinho envolvia até sua própria família: mãe, irmã e esposa foram beneficiárias de transferências em dinheiro e operações bancárias suspeitas. A esposa, Mariana Camilo Serra, inclusive aparece como sócia de uma empresa médica suspeita de funcionar como fachada, recebendo recursos de outras empresas também investigadas no esquema.

Diante desse quadro, o magistrado destacou que as provas demonstram o risco concreto de ocultação contínua dos bens e a necessidade da prisão preventiva para garantir não só o andamento do processo, mas também a efetividade de eventuais reparações financeiras.

A cada nova denúncia, o caso de Claudinho Serra vai se consolidando como um dos mais emblemáticos exemplos de como a corrupção pública pode se sofisticar ao ponto de exigir engenharia contábil para escapar da Justiça.

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Foto: Izaias Medeiros

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